quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Coitada da gordinha

Postei este texto no meu perfil no Facebook, e como as pessoas quiseram ler, estou postando aqui pra ficar público. Mas vejam lá os comentários. Qualquer coisa de teor preconceituoso, grosseiro e mal-educado vai ser barrado sem dó. 



(Texto inspirado por esta postagem aqui, da página do Grandes Mulheres no Facebook)


Não vou dizer que não assisto novela. Já assisti a muitas! Hoje, não o faço mais porque não gosto de ficar 'presa' a uma novela, àquela coisa de ver todos os dias e porque as novelas não me chamam a atenção mais, não mostram o que eu quero ver. A última a que assisti foi Cheias de Charme que era uma delícia, bem escrita, leve, bem humorada. Assumo mesmo!

Isto posto, digo que não assisto mesmo à essa novela das oito. Por um acaso vi um pedaço de um capítulo e era com essa personagem, a Perséfone. Nos cinco minutos que vi, só conseguia sentir pena dessa moça, coitada. Se define pela falta de um parceiro e por não ter vida sexual ativa. Ela é tão estereotipada, tão caricata que eu não sei como é que alguém leva essa personagem a sério. E lamento muito que, em tempos de pregar a tolerância, de lutar para que as pessoas respeitem o que é diferente dos padrões loucos que tentam nos impor, o autor perca uma oportunidade de desfazer mitos. Ok, é ficção, é entretenimento... mas eu tenho a impressão de que essa novela não é uma comédia, onde geralmente se reforçam estereótipos. Estou enganada?

Quando o foco é o humor, e é bem feito, eu até consigo não conectar à realidade, a exigir que seja igual. Mas não parece ser o caso aqui. Pra mim, estamos todos rindo de uma personagem gorda, infeliz porque não transa e que tem uma obssessão com esse assunto. Até quando vão condicionar a felicidade à magreza? Excesso de peso faz mal à saúde? Ok, mas enquanto isso a pessoa vai ser infeliz? Não vai namorar, não vai transar, não vai ter amigos, não vai poder se sentir bem nem se vestir bem porque é gorda? Não vai poder fazer suas escolhas? Aonde está escrito isso? O senso comum (e até os médicos, eu já fui vítima disso) tratam o gordo como uma espécie de criminoso. Ele é gordo porque quer, é um infeliz sem-vergonha que está assim por sua culpa e até que seja magro não pode ser feliz. É essa a mensagem que eu sinto que se reforçam com esses estereótipos.

Se eu decidir emagrecer, que seja. Mas que eu possa ser feliz enquanto estou gorda também. Felicidade não pode estar condicionada a uma situação. Tem que ser para todos, vinda de todo lugar, onde quer que esteja.

Há muito tempo penso isso, quando vi esses cinco minutos de novela continuei pensando, e só depois vi que várias blogueiras voltadas para esse público plus size estão protestando contra o destino da personagem. Sinal que não estou sozinha na minha opinião e que em pouco tempo deu pra sacar o que essa novela vem levando ao ar há três meses. É triste que tenha que ser assim e que a gente ainda tenha muito para lutar quando o assunto é respeito.

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